quinta-feira, fevereiro 08, 2007

ABORTO - A possível mudança

No próximo dia 11 de Fevereiro, uma vez mais, os portugueses serão chamados ás urnas para se pronunciarem sobre uma questão intrinsecamente relacionada com os direitos humanos e os princípios estruturantes da vida em sociedade, isto é, vão responder de forma, fria e cruel, com um sim ou não, à pergunta imprecisa: “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?

Esta pergunta, discutivelmente de acordo com a nossa constituição, provoca, sem mais, algumas notas que gostaria de referir

1 – A liberalização ou despenalização, como lhe queiram chamar, não afasta nem acaba com a medida excessiva, até desproporcional, de uma sentença de prisão das mães/mulheres pois, quem o faça ás 10 semanas e 1 hora será, “certamente”, penalizada com a pena prevista pelo código penal, isto é, com a prisão até 3 anos!

2- A pergunta que nos é apresentada pela classe política é, em si mesma, por merecer inúmeras interpretações, enganadora! De facto, e segundo uma interpretação meramente literal deste texto, quer o sim, como o não, têm legitimidade para promover modificações/alterações legislativas sobre este problema social pós-referendo!
Além do mais uma resposta favorável à pergunta apresentada será, certamente, irreversível!



3 – Que o aborto é uma realidade negativa e que ninguém o quer fazer, é uma verdade indiscutível!
A liberalização ou despenalização não vai, como se comprova em inúmeros dados e estatísticas, diminuir o aborto. Principalmente o clandestino!

4 – Se a lei elaborada por um grupo de deputadas socialistas for para a frente (voto sim), não há dúvida, que haverá um maior acompanhamento das mulheres pois, em vez de ficarem isoladas, sozinhas com este problema, serão, desde do primeiro momento acompanhadas e aconselhadas por médicos e numa instituição hospitalar pública.

5- Se a despenalização, liberalização avançar uma mulher que queira fazer um aborto no hospital, irá, devido ao pouco tempo que tem para não ser criminosa, passar á frente de muitas pessoas que precisam de auxílio médico para sobreviver. E não para matar!

6 – O recurso ao aborto por ser uma acção contrária à vida em sociedade, à normalidade, no fundo, á vida, não pode/deve ser promovido/alimentado/fomentado pelo Estado. E as mulheres que o façam também não devem ter uma pena de prisão (a pena mais gravosa em termos penais).

7- A solução para este problema penso que será a que o Prof .Freitas do Amaral lançou há já alguns anos: O aborto será um crime, tipificado no código penal, mas sem pena. Ou com uma pena menor,como a obrigatoriedade de prestar serviço social durante determinado tempo numa instituição social ligada a este problema, ou até uma pena de multa a reverter para as mesma instituições sociais!De facto, o fim de uma pena não se cinge apenas à intimidação do agente. Tem uma vertente educacional/re-integradora que, nos nossos dias, tem cada vez mais força! E que segundo a qual, penso que se deverá optar ou até privilegiar num caso como este!

8 – Ninguém faz um aborto porque, apenas, quer. Quem toma esta decisão, como mostra o estudo feito em Espanha, fá-lo: ou pelas razões já asseguradas e permitidas pela actual lei, ou, (esta a mais difícil de solucionar) porque não têm , efectivamente, “condições” para poder criar um filho.

9 – Em consequência desta incapacidade ( económica, psicológica etc) o Estado reage de forma dúbia e discutível pois, em vez de possibilitar/disponibilizar/providenciar condições, promovendo uma política em prol da natalidade. Assume a sua incapacidade, adiando o problema e promovendo uma politica pró-morte!A "tal" despenalização que nos tentam impigir!

10 –Pelo facto de Portugal estar, sempre, ou quase sempre, um passo atrás das políticas e iniciativas dos países, ditos, mais desenvolvidos, o problema do aborto e uma política em prol da natalidade, hoje, poderia ser o caminho. O passo em frente. A novidade! O tal passo que não costumamos/estamos habituados a dar.
De facto, sabendo nós, que vivemos num país e num continente cada vez mais velho e a envelhecer, cuja população activa é , já hoje, inferior á não activa e que a tendência é, e será, para piorar cada vez mais. E admitindo, como não se pode deixar de admitir, que o Estado não pode/deve promover/providenciar algo que, é quase universalmente visto como uma acção/situação má, isto é, não conforme á normalidade, à vida, à vida em sociedade. Deveríamos, apostar não na pequena e inútil "liberalização" do problema do aborto, mas sim, investindo, numa politica de natalidade, oferendo condições aquelas mães, futuras mães, mulheres e famílias que não têm capacidade nem possibilidade para criarem um filho!

Países como a Alemanha, Suécia e França já as estão a fazer…um dia há-de cá chegar…mas nessa altura…pagaremos a taxa do atraso…

Por estas 10 razões…eu voto não!

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Alto, Medio e Baixo de Dezembro

Antes de mais não queria deixar de pedir desculpa pela minha ausência.
Esta semana irei realçar, classificando, alguns episódios e notícias destas últimas semanas de Dezembro.

ALTO

O cimeira Euro-África a realizar na Presidência Europeia Portuguesa a partir de Junho de 2007.
Foi um ganho muitíssimo importante, que colocará Portugal no centro da negociação com um Continente em desenvolvimento e a desenvolver com o qual historicamente possuímos e mantemos "bons" laços.

Contudo, prosseguindo o já "ditado" do economista João César das Neves: "Não há almoços grátis"; Qual será a "factura" que a UE nos cobrará por este posicionamento na linha da frente?
A seu tempo descobriremos...

MÉDIO

Os acontecimentos relativos ao Caso "Apito Dourado":

1) Nomeação por parte da Procuradoria Geral de Maria José Morgado como responsável por todo o caso.
2) Livro "Eu, Carolina" Que por mais verdades, mentiras, intrigas ou protagonismos, mostrou bem o estado degradado e degradante em que se encontra o nosso sistema judicial e sociedade.
É uma vergonha que este livro contenha provas relevantes para a resolução e descoberta da verdade deste caso.
Não podendo deixar de realçar a coragem desta senhora, que arrisca certamente a sua vida com a publicação deste livro...esperemos que não tenha o mesmo "final" de todos aqueles que afrontaram e desafiaram o Sr.Pinto da Costa e o "Sistema" do Futebol Português.

BAIXO

Entrevista de Diogo Vaz Guedes ao Diário Económico onde afirma, sem mais, a existência de um mercado: "O mercado ibérico". Desconsiderando, frustrando e eliminando o mercado nacional.
Facto que, para além, de "chocar" com as suas iniciativas e opiniões no âmbito do "seu" Compromisso Portugal, descridibiliza o empresário.
De facto não há dúvida que existe um mercado ibérico. Contudo este facto não pode eliminar, ou pretender eliminar, o mercado nacional, sendo uma pena, tristeza, que empresários, com certas responsabilidades a nível nacional, vejam nesse facto uma verdade insolúvel, irremediável e indiscutível.
Para bem de Portugal, do futuro e do nosso desenvolvimento económico esperemos que seja o único...

Obrigado a todos por estes primeiros meses cheios de opinarias e participações.

Um bom Natal!!

domingo, dezembro 03, 2006

Pegadas na lama escura


Esta pessoa que vemos na fotografia chama-se António de Almeida Santos e foi Presidente da Assembleia da República Portuguesa entre 1995 e 2002. Hoje, é presidente do partido que forma o nosso Governo e que detém a maioria dos assentos de deputado na Assembleia da República.

Recordemos alguma da Legislação do foro exclusivo da Assembleia da República, tal como é definida no site do Governo Português:

"Regimes de eleições e referendo; cidadania e símbolos nacionais; regimes do estado de sítio e de emergência; organização e funcionamento da Defesa Nacional, das forças de segurança, e dos Serviços de Informação; restrições a direitos dos militares e agentes das forças de segurança; regime geral do orçamento do Estado, das regiões e das autarquias"

Recordemos agora, muito resumidamente, alguns artigos que definem a Assembleia da República, tal como estão apresentados na Constituição da República Portuguesa. Segundo esse documento que rege o nosso Estado, "a Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses" (Artigo 147º), e "os Deputados representam todo o país" (Artigo 152º).

Sobre o mesmo tema, o site da Assembleia da República indica que "compete ao Presidente [da Assembleia da República] representar a Assembleia, presidir à Mesa, dirigir os trabalhos parlamentares, fixar a ordem do dia, depois de ouvir a Conferência dos Representantes dos Grupos Parlamentares, assinar os Decretos e outros documentos expedidos em nome da Assembleia da República e superintender na sua administração".

Ainda nesse site, vale a pena, antes de nos debruçarmos sobre o cerne deste artigo, recordar as palavras do actual Presidente da Assembleia, Jaime Gama, sobre o órgão a que preside: "A Assembleia da República é o coração da vida política e a alma da própria democracia, a casa representativa do povo português, eleita por todos nós, cidadãs e cidadãos de Portugal"

II.

Feita a apresentação ao ex-Presidente e explicitada que está a função e o impacto na vida de todos os portugueses do órgão a que durante sete anos presidiu, analisemos com atenção as palavras com que responde, numa entrevista de 29 de Novembro de 2006 à revista "Sábado", à pergunta As pessoas pedem-lhe cartas de recomendação?:

"É verdade. Confesso que uma vez por outra ainda meto cunhas, mas não tanto agora. Era fácil dizer: tenha paciência, mas cunhas eu não meto. Mas isso é desumanidade, porque ali há uma aflição e eu tenho possibilidade de a resolver."

Esta afirmação é tão enorme e despudoradamente aberrante, que eu não só não sei por que parte da sua alarvidade começar a dissecá-la, como também não creio que esteja a honrar a inteligência de Leitor algum ao tentar explicar-lhe a minha opinião sobre a mesma, já que estas palavras falam por si.

No entanto, pensemos em conjunto:

Haverá algo mais anti-democrático do que meter uma cunha? Haverá algo mais desprestigiante para uma instituição pública do que existirem cunhas perpetradas por altos membros do seu aparelho? Haverá algo tão despudorado como alguém eleito pela unanimidade dos deputados à Assembleia da República admitir que o faz? Haverá algo mais egocênctrico do que justificar uma cunha metida por abuso de poder, com o desejo de resolver uma aflição?

Haverá algo mais idiota do que ter sido Presidente da Assembleia da República durante sete anos e ainda achar que resolver o problema de alguém com uma cunha não vai causar um desequilíbrio no sistema - em qualquer sistema - prejudicando mais pessoas do que a que se ajudou?

III.


Haverá alguém, para além de mim, que se preocupe com isto?

Luís Guimarães

publicado também em maisde1000vozes

domingo, novembro 19, 2006

Cavaco Vs Santana

Nada previa uma semana tão agitada.
Tivemos um pouco de tudo: uma entrevista do Presidente da República, o reaparecimento de Santana Lopes, o adiamento da resposta por parte da Autoridade da Concorrência relativa á OPA da SONAE sobre a PT e o fim da coligação PSD/CDS na Câmara Municipal de Lisboa.
Contudo não posso deixar de destacar o regresso de Santana Lopes e, em especial, os acontecimentos da passada Quinta-feira.
No início da semana é apresentado mais um livro de um político a justificar os erros cometidos no passado.
Este para além de contar, narrar, episódios que, agora, com distância, até fazem algum sentido, ressuscitou um personagem político, desaparecido em combate, que muitos pensavam ter sido “abatido”.
O personagem que vos falo é Pedro Santana Lopes.
Santana para além do protagonismo, que sem nada fazer, já promove e tem, ao lançar este livro volta a ser primeira página de jornais, notícia de abertura de telejornais, foco de discussão em debates, isto é, alvo de um protagonismo que sabe que tem e para o qual está preparado.
O que, certamente, Santana não esperava era uma “recepção” assim. Ser entrevistado, no programa “Grande Entrevista” da RTP, ao mesmo tempo, em simultâneo, que Cavaco Silva na SIC.
Aquele que todos “esmurraram, cuspiram e criticaram” estava agora no “camarote presidencial”, lado a lado, com o “herói” Cavaco Silva.
Mas mais, ao analisar as sondagens no dia seguinte, constatamos um facto ainda mais insólito: A sua entrevista tivera mais audiência que a de Cavaco (aproximadamente 19% e 16% de share respectivamente segundo dados médios da marktest).
Efectivamente, mais do que isto, Santana não poderia pedir!
Melhor seria impossível!Podemos conjecturar inúmeras razões, favoráveis ou desfavoráveis a Santana, mas factos são factos. E verdade lhe seja devida, o Ex- Primeiro Ministro, ao contrário do que muitos poderiam pensar, continua bem "vivo" politicamente.
Além disso apresentou-se acompanhado, por um “exército” bem constituído. Por um lado pelos "peões" do partido ainda se mantêm na linha da frente, por outro pelos "cavaleiros" da comunicação social que assumem “posições” estrategicas quando necessário.
Contudo, não posso deixar de destacar os valores de audiência, em percentagem de Share, na noite da passada Quinta-feira: ambas as entrevistas estiveram um valor percentual de Share muito abaixo da audiência obtida pela telenovela da TVI, “doce fugitiva” – mais de 40% .
Por mais que gostemos ou não de política e destes dois senhores, este facto triste e estranho tem nos fazer pensar sobre o estado da política e seus agentes em Portugal.
É preocupante, alarmante, que os portugueses tenham optado por uma telenovela em detrimento de uma entrevista do actual Presidente da República.
O sistema político não deveria deixar reflectir sobre este facto!
Pois, e apesar de nenhum "opinion maker" tenha referido, esta situação confirma, torna evidente de forma nua e crua, o que há muito sabíamos. O sistema político e os seus agentes, incluindo o próprio Presidente da República, não são considerados, dignificados, credíveis, ou até mesmo respeitados, na sociedade.
Não faz sentido, em lado nenhum do Mundo, que uma entrevista de um Presidente da República não chegue sequer aos 20% de share. Que significa na gíria que, num universo de 100 portugueses apenas 20(valor exemplificativo) assistiram á sua entrevista.

É repudiante e miserável!

Não faz sentido!

sábado, novembro 11, 2006

A Escada

Em primeiro lugar agradeço ao Bernardo a oportunidade que me deu de poder participar de forma mais activa no seu blog, onde, apesar do seu curto período de existência, já tantos assuntos já foram debatidos com maior ou menor fulgor.
A escolha do tema para escrever num blog como este não é de todo “pacífica” e foi sem dúvida uma escolha que exigiu um responsável período de reflexão. De politica já muito e bem se escreveu e já muito se discutiu, de viagens e futebol (revestindo-se este último assunto de menor relevo num panorama blogista apesar de ser adepto pouco racional da modalidade em geral e em particular do Benfica) fala-se semanalmente havendo autores específicos para estes dois assuntos. De questões jurídicas não percebo nada e a minha área (Engenharia Civil) tenho a convicção que provocaria incontroláveis bocejos e uma sonolência maçadora. Como “escritor móvel” decidi optar por uma reflexão mundana e o menos pretensiosa possível, que poderá e deverá ser comentada por quem achar que o artigo possa trazer algo de novo a este espaço.

Quando, algures na pré-história, um homem já bípede observou uma pedra a rolar por uma encosta inclinada e concluiu que o conceito da forma circular a que mais tarde decidiu chamar de roda daria mais jeito para puxar carroças que os blocos brutos e indefinidos que se usavam na altura, estava longe de pensar nas repercussões que teria a sua invenção. Um pouco antes já um primo dele tinha percebido que a carne sabia melhor se estivesse mais quentinha e tostada. Assim, quando estava a fazer música com duas pedras e uma faísca surgiu, ele aproveitou-a. Tiveram ideias, aproveitaram-nas e o mundo avançou um bocadinho.

Uns milénios mais tarde no séc. XVI um Português chamado Fernão de Magalhães farto de se sentir humilhado pelo rei do seu país (na altura era D.Manuel I), que se recusava a patrocinar uma expedição às ilhas das especiarias tendo como base a convicção que a América do Sul não estava ligada ao pólo Sul, atravessou a fronteira e convenceu o então rei de Espanha D.Carlos I a pagar-lhe o bilhete da viagem. A sua perseverança permitiu-o realizar aquele que é hoje considerado como o maior feito da navegação marítima de sempre, a descoberta e travessia do agora chamado estreito de Magalhães e a realização da primeira viagem de circum-navegação. Fernão de Magalhães morreu no decorrer dessa expedição por motivos alheios ao objectivo central da expedição mas o mundo avançou mais um bocadinho. Afinal a terra era redonda.
Escolhi estes dois exemplos, o primeiro porque serviu de introdução ao que queria falar e o segundo porque admiro profundamente a coragem e tenacidade da personagem retratada, pela importância do seu feito e por ser Português. O mundo avança porque foi empurrado, primeiro pela natureza no Big-Bang e depois por um grupo de homens e mulheres que pararam um pouco para pensar, tiveram ideias e concluíram que o balanço de as expor, apesar das consequências físicas e morais que poderiam enfrentar, era positivo para a humanidade. Assim aconteceu com Galilieu quando acabou com a arrogância e ignorância de se pensar que a terra era o centro do universo ou mesmo quando Sir Thomas Moore decidiu entregar a cabeça quando, fiel aos seus princípios, não concedeu o divórcio ao louco do Henrique VIII. Mais recentemente quando Bill Gates em 1985, com borbulhas na cara e óculos dignos de quem nunca tinha jogado à bola na vida (ou baseball já que estamos na América) disse que daí a dez anos cada pessoa teria um PC - Private Computer - a gargalhada deve ter sido geral e teve de ser a IBM a aproveitar a ideia do jovem visionário já que os imperadores da Apple Macintosh desacreditavam o jovem e agora choram terem-no feito. Já em 2004, na altura do Euro realizado em Portugal, um adolescente de 19 anos decidiu que seria boa ideia pôr bandeirinhas nas janelas para apoiar a nossa selecção nacional. A moda pegou, Portugal chegou à final. Obrigado Bernardo.

Em todas as épocas, em todos os séculos as pessoas distinguem-se pelas iniciativas que têm e pela forma como lutam por elas. Nos dias de hoje, falta-nos espaço para pensar e por vezes acomodamo-nos tristemente ao corriqueiro e desprezamos as nossas ideias e sonhos, classificando-as como inatingíveis ou patéticas. Fazemos mal.
Para finalizar (porque não quero “pseudo-intelectualizar” este artigo) lembro-me sempre de um livro para crianças que li quando a criança ilustrada conta à mãe que subiu a escada e esteve no sótão a brincar com tigres e macacos, que tinha feito uma cabana com lianas e folhas de palmeira ao que a mãe respondeu: “- Filho mas nós não temos sótão! A criança, desconsolada, diz então para si: - Coitada da minha mãe ainda não encontrou a escada…”

Fausto Lopo de Carvalho

domingo, novembro 05, 2006

A Passagem de Testemunho II - In Revista Homem Magazine de Novembro

“A geração mais velha dos 5,7 mil milhões de seres humanos que povoam actualmente o nosso planeta, a geração à qual pertenço, prepara-se para dizer adeus a este mundo, e é pois à juventude que compete carregar a responsabilidade do futuro.Jovens, assumam pois, por favor, a vossa responsabilidade, tornando-vos conscientes das vossas potencialidades, adquirindo confiança em vós mesmos e dando provas de abertura de espírito, de compaixão e de solidariedade. A frescura e a força da juventude não deveriam diminuir, e é vossa obrigação cultivar esse entusiasmo.”
Em "A sabedoria do Dalai Lama"
Foi com enorme prazer que aceitei o desafio de escrever na revista Homem, neste espaço de opinião, tal como faço todos os domingos no blog: Opinarias.blogspot.com.
Ao contrário do que podiam esperar, ao ler este livro de Dalai Lama, e talvez pelos meus ainda 21 anos, decidi escrever, de uma forma optimista, sobre o futuro. O futuro da Humanidade e do Mundo. No fundo, sobre o nosso papel de jovens e de geração futura.Não posso deixar de constatar que este sentimento de esperança e de futuro existe intrinsecamente em cada um nós, mas por vezes deixamo-nos levar por algum desânimo e pessimismo.
Efectivamente, temos de ter noção e a convicção de que o futuro de cada País, Nação e do Mundo vai ser da nossa responsabilidade. Não é pressão… é uma verdade. Uma realidade para a qual temos que olhar, desde já, com responsabilidade e naturalidade.Não é mais do que uma bonita e séria “passagem do testemunho” da vida que há gerações e gerações se processa....
Neste âmbito a educação é sem dúvida um pilar indispensável.
Contudo, tendo em vista o futuro, e a vida, cada vez mais complicada e difícil, em sociedade, temos que procurar uma educação que incuta valores e não apenas resultados. Temos que nos focar numa educação para os valores! Numa sociedade sem valores tudo se complica, essa é uma lição que buscamos na História.
Pois que contributo dará para esta vida, por exemplo, um jovem que sempre foi instigado, pelos seus educandos, apenas, para o resultado, como as notas, preterindo valores como a família, a justiça, a paz, a amizade, a solidariedade ou até mesmo o mérito!? Isto é, alguém que por mais competente que seja no cumprimento das suas obrigações não saiba viver em sociedade!?
Tal como todos desejamos, quando pensamos que “tudo vamos fazer para não cometer os mesmos erros de outros”, neste capítulo este ditado também se deve aplicar…se vamos suceder, vamos fazê-lo da melhor maneira possível.
O que importa é prepararmo-nos da melhor forma e o melhor que conseguirmos!
Vivendo esta Vida com seriedade, consciência, persistência, responsabilidade, mas acima de tudo com muita Garra e Brio!Assim poderemos sem dúvida receber bem e projectar o testemunho que vamos, forçosamente, receber!
É importante viver segundo valores, princípios estruturais e marcantes…pois, não vamos de certeza de um dia para o outro passar a justos, interessados, conscientes, responsáveis e briosos…é um caminho…é uma construção! Tal como tudo na vida…
Além disso, alguns de nós terão, com certeza, cargos de enorme exigência e importância, que exigem pessoas com capacidade, responsabilidade e liderança.Temos de deixar a vida fútil e tomarmos consciência, de nos preparar, para o desafio que nos será lançado, seja qual for o nível que nos vier a ser pedido.
Ao ler este texto, esta passagem de testemunho, percebi que nada sou…percebi que todos os dias tenho de aprender…mas também, acima de tudo, realizei, e é esta mensagem que gostava de passar hoje, que há momentos para tudo!Precisamos de aprender, de querer aprender, de gostar de aprender, para depois, na altura devida... Poder fazer! Construir! Realizar!
Em nós, “jovens adultos”, tem de estar presente, todos os dias, que a nossa vida é como uma árvore de fruto…que tem de ser regada, alimentada e cultivada para...um dia…poder dar frutos. Os melhores frutos possíveis!
Porque acredito na nossa geração e acredito que podemos fazer mais e melhor, não podia deixar de escrever este texto que mais não é que um apelo!
Pois, se juntos vamos receber o testemunho da vida…Juntos, temos de nos preparar para tão importante responsabilidade!

domingo, outubro 29, 2006

Bloggismo

Nos últimos tempos tem-se vindo a verificar uma corrida aos blogs. Toda e qualquer pessoa pode ter o seu. Sendo o Opinaria prova disso mesmo.

Mas qual o interesse de um blog? Para quê?

Hoje, neste mundo mediático, onde a opinião geral dos assuntos se resume e nasce na opinião de alguns, o blog apresenta-se como um espaço diferente. Um espaço puro! Um espaço de verdadeira e livre opinião. Onde qualquer pessoa, independente da sua capacidade e skills se sem depender de um meio de comunicação para o fazer, pode emitir o seu argumento. O seu ponto de vista. No fundo a sua opinião sobre qualquer tema.
Contudo este excesso de liberdade faz com que o blog seja, por vezes, utilizado de uma forma menos construtiva, tornando-se um espaço de crítica e opiniões discricionárias e impróprias onde tudo é dito e criticado, mas cujo autor não se apresenta, identifica. Isto é, um espaço de fantasmas. Um espaço de cobardes.
A ideia do blog é criar um espaço aberto e livre, de verdadeira opinião, onde quem quer, de uma forma verdadeira e séria, possa discutir e debater temas. Mas uma opinião com rosto. Assinada. E não fantasma!
O gosto de viver sem medo e ás claras, faz que assuma sem mais esta posição, que não é um ataque á figura do anónimo, mas sim um apelo á coragem e á discussão séria e personalizada.

Para terminar gostava de relatar este último mês e meio do Opinaria.

Para aqueles que apenas conheceram o Opinaria há pouco tempo, este, agora, blog “ajornalado”, começou como todos os outros, com pequenos textos de opinião. Mas foi avançando. Sendo hoje um, quase, jornal, agora até bilingue! É formado por um grupo de pessoas, amigos, que, por sentirem a necessidade de debater ideias, apresentam as suas opiniões em jeito de artigo para que todos se possam pronunciar. A favor ou contra. O que importa é que se discuta e debata temas da actualidade e que nos preocupam!
Hoje, com muito orgulho digo, o Opinaria é consultado semanalmente em 26 países por todo o mundo: Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, Irlanda, Escócia, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Republica Checa, Polónia, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Noruega, Estados Unidos da América, Canadá Brasil, Chile, Argentina, Índia, Singapura, Austrália, Nova Zelândia e Indonésia, tendo tido já mais der 3300 visitas o equivalente a 11.000 clics.

É com grande prazer que todas as semanas iremos continuar a escrever, mas especialmente a OPINAR.

Esperamos que os construtivos e bons comentários continuem e que as nossas opinarias continuem a gerar debate e discussão.

É para e por isto que o Opinaria existe!

Obrigado a todos pelo contributo!
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